Wednesday, January 10, 2007

comentário de un amigo bahiano...


Pra quem conhece,
relembre,
pra quem não,
tome de presente:

A Mudança

Todo fim de ano eu odeio.
Odeio mesmo.
Quer dizer,
não odeio, odeio.
É que tem coisas que não me descem no fim do ano.

Primeiro é ter que comprar roupa.
Usar dinheiro para isso me dá até gastura.
Eu até gosto de comprar.
Mas fui criado por vó,
e, até hoje,
se mãe e amadas não derem roupas para mim,
meu Ano Novo é com uma boa e velha sandália,
de short,
tomando um copo de leite ou refrigerante,
olhando para o céu
e falando em voz alta com Deus
sobre questões que só mesmo eu e ele entendemos,
sendo que, o dialógo,
sou eu perguntando
e ele respondendo com aquele silêncio próprio de Deus,

apesar de ter sempre um maluco que diz que já o ouviu.

A mim, Deus não diz nada.

Principalmente na virada do Ano Novo.
E, se diz, eu não consigo ouvir.
Geralmente eu pergunto:

- E aí? Que é que eu tô fazendo aqui, de sandálias,
copo de leite e visitas falsas pulando de alegria na
minha sala?

Silêncio.
Entenda-se silêncio
como o som de muitas bombas e muita gente bêbada se
abraçando.
Ah, como odeio isso!
Todo mundo se abraçando!
Qué qué isso!
E eu vou passando entre as pessoas para ir mijar
e me esconder no banheiro,
a sala apertada,
cheia de gente,
eu sem graça,
sem saber para onde olhar,
passando entre aquele povo todo de branco.
Eu também tô de branco.
Claro!
Minha mãe e amadas me engoliriam se não usasse.
As sandálias elas deixaram,
mas mesmo de short,
tenho que estar de branco.
Eu que vestisse preto ou coisa parecida.
Morreria na hora.
Ou elas morreriam.

Como eu odeio as mulheres da minha vida!
Por que elas têm quer ser tão metódicas,
burocráticas,
burras e amáveis comigo?
Não vêm que sou um intelectual que deplora os rituais
de passagem ocidentais?

- Isso é viadagem!

E ora vejam o que me dizem!
Elas se hipnotizam com as propagandas do mercado,
deixam a casa toda colorida,
as pessoas de quem falamos mal o ano todo começam a
nos abraçar e beijar (aaargh!),
minhas cadelas são presas para não atrapalharem essas
mesmas pessoas odiadas
que gastam metade do salário usando roupas que nunca
mais usarão,
e que prometem coisas que nunca irão fazer,
sem falar das flores na praia,
da moeda no bolso para ganhar dinheiro,
do arroz jogado em casa.
E eu que estou de viadagem...
Aí eu olho para cima e me queixo com Deus:

- Veja você! Me fez nascer inteligente e cético em
Salvador, filho de uma
católica-espírita-filha-de-santo! Isso é sacanagem! -
E sincretismo, claro...
- Ihh, Alan, parece que bebe!

Eu? beber?
Já não basta ter que lidar com a embriaguez que é esta
realidade?
Estou em um recinto onde as pessoas jogam arroz cru no
chão
ao invés de guardar para comer!
E ainda acham que pareço que bebo!
E fica todo mundo em volta de mim:

- Relaxa, Alan!
- Deixa de preconceito besta...
- Me dá aqui esse copo de leite, rapaz!
- Me abraça, meu amigo!
- Eu te amo, meu filho.
- Eu te amo, môzinho.
- Feliz Ano Novo !

Merda...
Que fazer?

Bem ...Sou e estou feliz,
admito.
Pronto.
Feliz Ano Novo...
Sei que nada vai mudar,
sei que seremos
e continuaremos
a mesma merda de sempre entre o dia 31 de dezembro
e o dia primeiro de janeiro.
E que de fevereiro até novembro
esqueceremos todas as promessas feitas.

Mas...
Vá lá:
Feliz Ano Novo, leitor.
É bom ser humano, né?
E imperfeito,
e idiota,
e, às vezes,
feliz.
É realmente bom.
É maravilhoso, na verdade.

Divirtam-se,
divirtam-se mesmo,
nesta virada para o coisa nenhuma.

Alan, o Miranda.

Monday, January 08, 2007

Busco deseperadamente uma namorada...

Gato brasileiro, bronzeado do sol de Salvador Bahia, olhos verdes e jogador de futebol, busca namorada... alguém que lhe faça feliz e que lhe chame de "painho".
Aguardo vossos comentários e a ser possível com fotos.
Andersson Andrade